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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Calvino e o Batismo Infantil

Institutas da Religião Cristã

Por João Calvino

C A P Í T U L O XVI


O BATISMO INFANTIL SE HARMONIZA MUITO BEM COM A INSTITUIÇÃO DE CRISTO E A NATUREZA DO SINAL


1. OPOSIÇÃO AO BATISMO INFANTIL COMO SENDO ANTIBÍBLICO. NECESSIDADE DE EXAMINAR-SE A MATÉRIA DE FORMA PROFUNDA

 

    

          Investem contra o pedobatismo com um argumento que aparenta plausibilidade absoluta, categorizando que em nenhuma instituição de Deus existe tal fundamentado, antes, que foi introduzido meramente pela ousadia e depravada curiosidade dos homens, e então temerariamente recebido em uso por estulta condescendência.

Ora, a menos que um sacramento se apóie no seguro fundamento da Palavra de Deus, ele fica pendente por um fio.


   Mas, uma vez que certos espíritos frenéticos excitaram graves perturbações na Igreja em nosso tempo por causa do pedobatismo, mesmo agora não deixam de produzir tumultos, nada posso fazer senão adicionar aqui um apêndice com o fim de coibir-lhes as fúrias, o qual, se porventura parecer a alguém demasiadamente prolixo, peço que o mesmo pondere que, em matéria da máxima importância, tanto em relação à paz quanto à pureza da doutrina, que nada haja de fastidiosamente excetuar-se que conduza à produção de ambas. Acrescento que diligenciarei de tal modo por esta discussão, que a comporei para explicar mais claramente o mistério do
batismo, quanto está em mim poder fazê-lo.
    Investem contra o pedobatismo com um argumento que aparenta plausibilidade absoluta, categorizando que em nenhuma instituição de Deus existe tal fundamentado, antes, que foi introduzido meramente pela ousadia e depravada curiosidade dos homens, e então temerariamente recebido em uso por estulta condescendência. Ora, a menos que um sacramento se apóie no seguro fundamento da Palavra de Deus, ele fica pendente por um fio.
     Mas, o que dizer se a matéria for cuidadosamente considerada, e se tornar manifesto que se faz falsa e iníqua calúnia à santa ordenança do Senhor? Antes de tudo investiguemos sua origem. Porque, se isso foi invenção humana, confesso ser preciso abandoná-lo e seguir a verdadeira regra que o Senhor ordenou; pois os sacramentos estariam pendentes por um fio caso não se fundamentam na pura Palavra de Deus. Mas se, pelo contrário, ficar comprovado que de modo algum foi destituído de sua segura autoridade, guardemo-nos em não desconsiderar as sacras instituições de Deus, e assim nos acharmos insultando seu Autor.
   

  2. A REAL NATUREZA E SENTIDO DO BATISMO POSTOS NÃO NA CERIMÔNIA EXTERIOR, MAS NA PROMESSA REPRESENTADA; DAÍ SIGNIFICAR A PURIFICAÇÃO DOS PECADOS, A MORTIFICAÇÃO DA CARNE, A UNIÃO COM CRISTO, O TESTEMUNHO DE NOSSA FÉ DIANTE DOS HOMENS

        Primeiramente, é dogma bastante conhecido e entre todos os piedosos confessado que a correta consideração dos sinais está posta não só nas cerimônias externas, mas sobretudo depende da promessa e dos mistérios espirituais em cuja figura o Senhor ordena as próprias cerimônias. Assim sendo, aquele que quiser aprender bem o valor do batismo, qual seu propósito, enfim, o que significa de modo geral, que não ponha sua atenção no elemento e na expressão material; antes, que a fixe nas promessas de Deus que aí nos são oferecidas, e nos mistérios interiores que aí se representam. Aquele que apreende essas coisas alcançou a sólida verdade do batismo e, por assim dizer, toda sua substância; e daí será também ensinado qual seja o sentido e qual o uso da aspersão externa. Por outro lado, aquele que descarta essas coisas com desprezo, mantendo sua mente totalmente fixa e jungida à cerimônia visível, não entenderá nem a eficácia, nem o caráter do batismo, aliás, nem mesmo o que significa a água ou qual o uso dela. Esta maneira de ver foi comprovada por testemunhos da Escritura muitíssimos numerosos e muitíssimos luminosos para que seja necessário persegui-la agora por mais tempo. Resta, pois, agora buscarmos nas promessas dadas no batismo qual seja sua eficácia e natureza. A Escritura informa, em primeiro lugar, que aqui se mostra a purificação dos pecados, a qual obtemos pelo sangue de Cristo; então a mortificação da carne, que consta da participação de sua morte, pela qual os fiéis são regenerados para novidade de vida; e mais ainda, para a comunhão de Cristo. A esta síntese pode-se incluir tudo quanto foi ensinado nas Escrituras acerca do batismo, exceto que ele é também, além disso, um símbolo que atesta a religião diante dos homens.

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