Cor meum tibis offero Domini prompte et sincere

SOLA SCRIPTURA SOLA GRATIA SOLA FIDE SOLUS CHRISTUS SOLI DEO GLORIA

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Eu Creio nos Concílios da Igreja

Aproxima-se a reunião do Presbitério que faço parte como Presbitero (docente). Acredito que o sistema presbiteriano de governo é o sistema bíblico de governo da igreja. (veja:http://www.monergismo.com/textos/igreja/o-que-presbiteriana_chuck-baynard.pdf) e (http://www.monergismo.com/textos/igreja/governo-presbiteriano_tulio.pdf). Vivemos uma época de muitos desvios na igreja, inclusive no presbiterianismo. O sistema de governo presbiteriano preve que presbiteros docentes e regentes governem a igreja com igual autoridade. Alguns presbiterios deixam as tarefas exclusivamente nas mãos dos pastores ou dos presbiteros, o que contraria o ensino das Escrituras. O governo deve ser do concílio representado por ambos o tipos de presbiteros. Os concílios por usa vez deixam de priorizar a supervisão espiritual de seus membros, o assunto mais desprezado no concílio é o espiritual, orasse pouco, estuda-se pouco as Escrituras, adorasse pouco a Deus. Gasta-se mais tempo com assuntos finceiros e administrativos. O mais importante é negligenciado. O que torna os concílios um antro de politicagem, o desacredita os concílios.

Os concílios precisam investir na formação espiritual de seus ministros. Calvino na apresentação das Institutas da Religião diz: O intento era apenas ensinar certos rudimentos, mercê dos quais fossem instruídos em relação à verdadeira piedade quantos são tangidos de algum
zelo de religião.” Em outro lugar Calvino diz:
Ademais, neste labor, este tem sido meu propósito: preparar e instruir de tal modo os candidatos à sagrada teologia, para a leitura da divina Palavra, que não só lhe tenham fácil acesso, mas ainda possam nesta escalada avançar sem tropeços.” Assim acredito que o calvinismo empenha-se em transmitir de forma clara os princípios para uma verdadeira piedade.

Precisamos de concílios piedosos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

João Calvino–Pedobatismo Parte II

ASPECTOS EM QUE SE CONFIGURA A CORRELAÇÃO DO BATISMO COM A CIRCUNCISÃO

 

 
 

Quando o Senhor manda Abraão observar a circuncisão, ele prefacia que será o Deus dele e de sua semente, acrescentando que nele estavam a afluência e a suficiência de todas as coisas, para que Abraão tivesse consciência de que sua mão haveria de ser-lhe a fonte de todo bem [Gn 17.1-10]; palavras nas quais se contém a promessa da vida eterna, como as interpreta Cristo, daí formulando argumento para se comprovar a imortalidade e ressurreição dos fiéis. Ora, Cristo diz: “Ele não é Deus de mortos, mas de vivos” [Mt 22.32; Mc 12.27; Lc 20.38].

          Mas, uma vez que antes que o batismo fosse instituído o povo de Deus tinha em seu lugar a circuncisão, examinemos em que estes sinais diferem entre si e quais são suas semelhanças, do quê se faz patente qual é a analogia entre si. Quando o Senhor manda Abraão observar a circuncisão, ele prefacia que será o Deus dele e de sua semente, acrescentando que nele estavam a afluência e a suficiência de todas as coisas, para que Abraão tivesse consciência de que sua mão haveria de ser-lhe a fonte de todo bem [Gn 17.1-10]; palavras nas quais se contém a promessa da vida eterna, como as interpreta Cristo, daí formulando argumento para se comprovar a imortalidade e ressurreição dos fiéis. Ora, Cristo diz: “Ele não é Deus de mortos, mas de vivos” [Mt 22.32; Mc 12.27; Lc 20.38]. Por isso também Paulo, demonstrando aos efésios de que gênero de condenação o Senhor os libertara, daqui se conclui que não tinham a circuncisão; que não haviam sido admitidos ao pacto da circuncisão; conclui que estiveram sem Deus, sem esperança; que eram estranhos aos testamentos da promessa [Ef 2.12], todas as coisas que o próprio pacto compreendia. Mas que o primeiro acesso a Deus, o primeiro ingresso à vida imortal é a remissão dos pecados. Do quê se conclui que esta promessa da circuncisão corresponde à promessa do batismo quanto à nossa purificação. Depois o Senhor ordena a Abraão que andasse diante dele em sinceridade e inocência de coração [Gn 17.1], o que diz respeito à mortificação, ou regeneração. E para que ninguém nutre dúvida de que a circuncisão seja o sinal de mortificação, Moisés o expõe mais claramente em outro lugar [Dt 10.15, 16], quando exorta o povo de Israel a circuncidar ao Senhor o prepúcio do coração, uma vez que ele fora escolhido dentre todas as nações da terra para que fosse o povo de Deus. Visto que Deus, quando adota para si a posteridade de Abraão para seu povo, preceitua que ela fosse circuncidada, assim Moisés pronuncia ser necessário que seu coração fosse circuncidado, explicando assim qual é o verdadeiro sentido desta circuncisão carnal
[Dt 30.6]. Então, para que ninguém porfiasse de suas próprias forças, Moisés ensina que essa é obra da graça de Deus. Todas estas coisas são tantas vezes inculcadas pelos profetas que não é necessário aqui acumular muitos testemunhos, os quais são por toda parte profusos. Portanto, temos na circuncisão uma promessa espiritual outorgada aos patriarcas, como se dá em nosso batismo, uma vez que ela significa a remissão dos pecados e a mortificação da carne. Além disso, como já ensinamos ser Cristo, em quem reside uma e outra destas duas coisas, o fundamento do batismo, assim se faz evidente que ele o é também da circuncisão. Pois ele próprio é prometido a Abraão e nele a bênção de todas as nações [Gn 12.2, 3]. O sinal da circuncisão é adicionado para selar-se esta graça.

4. BATISMO E CIRCUNCISÃO COINCIDEM NO QUE DIZ RESPEITO À PROMESSA BÁSICA. À COISA REPRESENTADA (REGENERAÇÃO) E AO FUNDAMENTO EM QUE SE ASSENTAM, DIFERINDO SÓ NO RITO EXTERNO
    Já se pode ver, sem nenhuma dificuldade, nestes dois sinais, o batismo e a circuncisão, o que é semelhante ou o que é diverso. A promessa em que afirmamos consistir a virtude dos sinais é uma e a mesma em ambos, isto é, a promessa do favor paterno de Deus, da remissão dos pecados, da vida eterna. Então, a coisa figurada é também uma e a mesma, a saber, a regeneração. O fundamento em que se apóia o cumprimento destas coisas é um e o mesmo em ambos: Cristo. Por isso, não existe nenhuma diferença no mistério interior, no que consiste toda a força e propriedade dos sacramentos. A diferença que resta, essa consiste na cerimônia externa, que é porção mínima, quando a parte mais importante depende da promessa e da coisa significada. Desse modo é lícito concluir que tudo quanto convém à circuncisão, excetuada a diferença da cerimônia visível, pertence igualmente ao batismo. A regra do Apóstolo nos conduz pela mão a esta dedução e comparação, mercê da qual se deve medir e pesar toda a interpretação da Escritura segundo a analogia da fé [Rm 12.3, 6]. E neste aspecto, seguramente, a verdade nos é oferecida quase que tangivelmente. Ora, exatamente como a circuncisão, visto que era para os judeus uma como que senha pela qual se se assegurava ainda mais que foram adotados por povo e família de Deus, e também eles próprios, por sua vez, professavam alistar-se com Deus, eralhes o ingresso inicial na lgreja, agora também, mediante o batismo, somos iniciados em relação a Deus para sermos contados em seu povo e nós, pessoal e reciprocamente, juremos a seu nome. Portanto, parece fora de dúvida que o batismo foi introduzido no lugar da circuncisão e tem em vista as mesmas funções.

Institutas da Religião Cristã – Pg 312 - 314

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Calvino e o Batismo Infantil

Institutas da Religião Cristã

Por João Calvino

C A P Í T U L O XVI


O BATISMO INFANTIL SE HARMONIZA MUITO BEM COM A INSTITUIÇÃO DE CRISTO E A NATUREZA DO SINAL


1. OPOSIÇÃO AO BATISMO INFANTIL COMO SENDO ANTIBÍBLICO. NECESSIDADE DE EXAMINAR-SE A MATÉRIA DE FORMA PROFUNDA

 

    

          Investem contra o pedobatismo com um argumento que aparenta plausibilidade absoluta, categorizando que em nenhuma instituição de Deus existe tal fundamentado, antes, que foi introduzido meramente pela ousadia e depravada curiosidade dos homens, e então temerariamente recebido em uso por estulta condescendência.

Ora, a menos que um sacramento se apóie no seguro fundamento da Palavra de Deus, ele fica pendente por um fio.


   Mas, uma vez que certos espíritos frenéticos excitaram graves perturbações na Igreja em nosso tempo por causa do pedobatismo, mesmo agora não deixam de produzir tumultos, nada posso fazer senão adicionar aqui um apêndice com o fim de coibir-lhes as fúrias, o qual, se porventura parecer a alguém demasiadamente prolixo, peço que o mesmo pondere que, em matéria da máxima importância, tanto em relação à paz quanto à pureza da doutrina, que nada haja de fastidiosamente excetuar-se que conduza à produção de ambas. Acrescento que diligenciarei de tal modo por esta discussão, que a comporei para explicar mais claramente o mistério do
batismo, quanto está em mim poder fazê-lo.
    Investem contra o pedobatismo com um argumento que aparenta plausibilidade absoluta, categorizando que em nenhuma instituição de Deus existe tal fundamentado, antes, que foi introduzido meramente pela ousadia e depravada curiosidade dos homens, e então temerariamente recebido em uso por estulta condescendência. Ora, a menos que um sacramento se apóie no seguro fundamento da Palavra de Deus, ele fica pendente por um fio.
     Mas, o que dizer se a matéria for cuidadosamente considerada, e se tornar manifesto que se faz falsa e iníqua calúnia à santa ordenança do Senhor? Antes de tudo investiguemos sua origem. Porque, se isso foi invenção humana, confesso ser preciso abandoná-lo e seguir a verdadeira regra que o Senhor ordenou; pois os sacramentos estariam pendentes por um fio caso não se fundamentam na pura Palavra de Deus. Mas se, pelo contrário, ficar comprovado que de modo algum foi destituído de sua segura autoridade, guardemo-nos em não desconsiderar as sacras instituições de Deus, e assim nos acharmos insultando seu Autor.
   

  2. A REAL NATUREZA E SENTIDO DO BATISMO POSTOS NÃO NA CERIMÔNIA EXTERIOR, MAS NA PROMESSA REPRESENTADA; DAÍ SIGNIFICAR A PURIFICAÇÃO DOS PECADOS, A MORTIFICAÇÃO DA CARNE, A UNIÃO COM CRISTO, O TESTEMUNHO DE NOSSA FÉ DIANTE DOS HOMENS

        Primeiramente, é dogma bastante conhecido e entre todos os piedosos confessado que a correta consideração dos sinais está posta não só nas cerimônias externas, mas sobretudo depende da promessa e dos mistérios espirituais em cuja figura o Senhor ordena as próprias cerimônias. Assim sendo, aquele que quiser aprender bem o valor do batismo, qual seu propósito, enfim, o que significa de modo geral, que não ponha sua atenção no elemento e na expressão material; antes, que a fixe nas promessas de Deus que aí nos são oferecidas, e nos mistérios interiores que aí se representam. Aquele que apreende essas coisas alcançou a sólida verdade do batismo e, por assim dizer, toda sua substância; e daí será também ensinado qual seja o sentido e qual o uso da aspersão externa. Por outro lado, aquele que descarta essas coisas com desprezo, mantendo sua mente totalmente fixa e jungida à cerimônia visível, não entenderá nem a eficácia, nem o caráter do batismo, aliás, nem mesmo o que significa a água ou qual o uso dela. Esta maneira de ver foi comprovada por testemunhos da Escritura muitíssimos numerosos e muitíssimos luminosos para que seja necessário persegui-la agora por mais tempo. Resta, pois, agora buscarmos nas promessas dadas no batismo qual seja sua eficácia e natureza. A Escritura informa, em primeiro lugar, que aqui se mostra a purificação dos pecados, a qual obtemos pelo sangue de Cristo; então a mortificação da carne, que consta da participação de sua morte, pela qual os fiéis são regenerados para novidade de vida; e mais ainda, para a comunhão de Cristo. A esta síntese pode-se incluir tudo quanto foi ensinado nas Escrituras acerca do batismo, exceto que ele é também, além disso, um símbolo que atesta a religião diante dos homens.