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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Uma resposta ao catecismo de Spurgeon

                     Estou escrevendo este texto com o propósito de responder a um erro ensinado no Catecismo de C. H. Spurgeon, chamado Catecismo Puritano. Minha confessionalidade exige que eu defenda a fé bíblica que eu jurei defender em minha ordenação e como ministro da Palavra e dos Sacramentos fazê-lo frente a igreja de Cristo. Esse paper defende a posição Calvinista Presbiteriana ou chamada Reformada. C. H. Spurgeon é um grande nome da teologia, vários de seus escritos têm sido de grande valia para a igreja de Cristo. Mas em seu Catecismo Spurgeon na pergunta 77. diz: "Os filhinhos dos que se professam crentes devam ser batizados? Resposta. Os filhinhos de tais crentes professos não devem ser batizados por que: Não há ordem nem exemplo nas Santas Escrituras para que sejam batizados (Êxodo 23:13. "E em tudo o que vos tenho dito, guardai-vos". Provérbios 30:6. "Nada acrescentais às palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso")". Spurgeon se mostra um calvinista pontual, veja mais aqui: http://www.misaelbn.com/2012/01/calvinistas-consistentes/ . Assim na pergunta 77 de seu catecismo Spurgeon defende um erro contra o qual os reformadores lutaram. veja sobre os anabatistas.  http://pt.wikipedia.org/wiki/Anabatista . 
                   João Calvino em sua Instituta da Religião Cristã sistematizando o ensino bíblico sobre pedobatismo diz:  " 1. Oposição ao batismo infantil como sendo antibíblico. Necessidade de examinar-se a matéria de forma profunda.  Investem contra o pedobatismo com um argumento que aparenta plausibilidade absoluta, categorizando que em nenhuma instituição de Deus existe tal fundamentado, antes, que foi introduzido meramente pela ousadia e depravada curiosidade dos homens, e então temerariamente recebido em uso por estulta condescendência. Ora, a menos que um sacramento se apoie no seguro fundamento da Palavra de Deus, ele fica pendente por um fio. Mas, uma vez que certos espíritos frenéticos excitaram graves perturbações na Igreja em nosso tempo por causa do pedobatismo, mesmo agora não deixam de produzir tumultos, nada posso fazer senão adicionar aqui um apêndice com o fim de coibir-lhes as fúrias, o qual, se porventura parecer a alguém demasiadamente prolixo, peço que o mesmo pondere que, em matéria da máxima importância, tanto em relação à paz quanto à pureza da doutrina, que nada haja de fastidiosamente excetuar-se que conduza à produção de ambas. Acrescento que diligenciarei de tal modo por esta discussão, que a comporei para explicar mais claramente o mistério do batismo, quanto está em mim poder fazê-lo. Investem contra o pedobatismo com um argumento que aparenta plausibilidade absoluta, categorizando que em nenhuma instituição de Deus existe tal fundamentado, antes, que foi introduzido meramente pela ousadia e depravada curiosidade dos homens, e então temerariamente recebido em uso por estulta    condescendência. Ora, a menos que um sacramento se apóie no seguro fundamento da Palavra de Deus, ele fica pendente por um fio.   Mas, o que dizer se a matéria for cuidadosamente considerada, e se tornar manifesto que se faz falsa e iníqua calúnia à santa ordenança do Senhor? Antes de tudo investiguemos sua origem. Porque, se isso foi invenção humana, confesso ser preciso abandoná-lo e seguir a verdadeira regra que o Senhor ordenou; pois os sacramentos estariam pendentes por um fio caso não se fundamentam na pura Palavra de Deus. Mas se, pelo contrário, ficar comprovado que de modo algum foi destituído de sua segura autoridade, guardemo-nos em não desconsiderar as sacras instituições de Deus, e assim nos acharmos insultando seu Autor. " Institutas da Religião Cristã, João Calvino.
                        Contrapondo-se a está idéia manifesta por Spurgeon em seu catecismo podemos citar o teólogo reformado François Turretini diz: "Prova-se o batismo infantil: (1) com base no mandamento de Cristo. III. (1) Com base no mandamento de Cristo. Isso foi ordenado  por Cristo, se não com muitas palavras (kata to rheton), contudo de forma equivalente e quanto ao sentido: ide e ensinai a todas as nações, batizando-as" (Mt 28,19,20). Isso é evidente (a) porque aquele que ordena que todas as nações fossem batizadas também ordena que todas as nações fossem batizadas também ordena que as crianças sejam batizadas, pois um preceito que se refere a um gênero inclui todas as espécies... Tampouco se deve objetar que Cristo pôs instrução antes do batismo e assim, fala de adultos que são passíveis de instrução, e não de crianças ("ensinar [matheteusate], diz ele)... 2. Com base na aliança. V. (2) Com base na aliança. Os selos da aliança pertencem também àqueles a quem Pertence a aliança divina. Ora, é evidente que a aliança pertence às crianças com base na própria cláusula da aliança: "Para ser o teu Deus e da tua descendência" (Gn 17.7); "Pois para vós é a promessa, para vossos filhos e para quantos ainda estão longe." (At 2.39)... VI (3) Com base na circuncisão. Por paridade, a necessidade do batismo é a mesma da circuncisão. Ora, a circuncisão devia ser ministrada às crianças segundo o mandamento divino. Portanto, da mesma forma, o batismo infantil. prova-se a veracidade do maior (a) porque o batismo é posto no lugar da circuncisão  e a substitui no Novo Testamento (com base em Cl 2.12, onde Paulo exibe a circuncisão no batismo). (b) Com base no fim de cada um - a circuncisão era o sacramento de iniciação, para que fossem recebidos na aliança, e a finalidade do batism oé a mesma. (c) Com base na coisa significada individualmente, que é a circuncisão do coração e a graça da regeneração. (d) A graça de Deus não é diminuída e restringida no Novo Testamento, ao contrário, ela é ampliada." Compêndio de Teologia Apologética. Págs 499 - 502.
Essa doutrina é expressa em nossos padrões confessionais - 

Os Cânones de Dort I, Art. 17 "17. Devemos julgar a respeito da vontade de Deus com base na sua Palavra. Ela testifica que os filhos de crentes são santos, não por natureza mas em virtude da aliança da graça, na qual estão incluídos com seus pais. Por isso os pais que temem a Deus não devem ter dúvida da eleição e salvação de seus filhos, que Deus chama desta vida ainda na infância." 
 Confissão de Fé de Westminster - "
IV. Não só os que professam a sua fé em Cristo e obediência a Ele, mas os filhos de pais crentes (embora só um deles o seja) devem ser batizados.
At. 9:18; Gen. 17:7, 9; Gal. 3:9, 14; Rom. 4:11-12; At. 2:38-39.
V. Posto que seja grande pecado desprezar ou negligenciar esta ordenança, contudo, a graça e a salvação não se acham tão inseparavelmente ligadas com ela, que sem ela ninguém possa ser regenerado e salvo os que sejam indubitavelmente regenerados todos os que são batizados.
Luc.7:30; Exo. 4:24-26; Deut. 28:9; Rom. 4:11; At. 8:13, 23.
VI. A eficácia do batismo não se limita ao momento em que é administrado; contudo, pelo devido uso desta ordenança, a graça prometida é não somente oferecida, mas realmente manifestada e conferida pelo Espírito Santo àqueles a quem ele pertence, adultos ou crianças, segundo o conselho da vontade de Deus, em seu tempo apropriado.
João 3:5, 8; Gal. 3:27; Ef. 5:25-26."
Catecimo Maior de Westminster : "166. A quem deve ser administrado o Batismo?
O Batismo não deve ser administrado aos que estão fora da Igreja visível, e assim estranhos aos pactos da promessa, enquanto não professarem a sua fé em Cristo e obediência a Ele; porém as crianças, cujos pais, ou um só deles, professarem fé em Cristo e obediência a ele, estão, quanto a isto, dentro do pacto e devem se batizadas.
Gn 17:7-9; Lc 18:16;  At 2:38,39,41; I Co 7:14; Rm 11:16; Cl 1:11,12; Gl 3:17,18,29."
Confissão de Heidelberg - ...Portanto, rejeitamos o erro dos anabatistas, que não se contentam com o batismo que uma vez receberam e que, além disso, condenam o batismo que uma vez receberam e que, além disso, condenam o batismo dos filhos dos crentes. Nós cremos, porém, que eles devem ser batizados e selados com o sinal da aliança, assim como as crianças em Israel eram circuncidadas com base  nas mesmas promessas que foram feitas a nossos filhos. Cristo, de fato, derramou seu sangue para lavar igualmente os filhos dos fiéis e os adultos. Por isso, elas devem receber o sinal e o sacramento da obra que Cristo fez para elas, como o SENHOR, outrora, determinava na lei que as crianças participassem, pouco depois do seu nascimento, do sacramento do sofrimento e da morte de Cristo, através da oferta de um cordeiro, que era um sacramento de Jesus Cristo.
Além disso, o batismo tem, para nossos filhos, o mesmo efeito que a circuncisão tinha para o povo judeu. É por essa razão que o apóstolo Paulo chama ao batismo de "a circuncisão de Cristo" (Cl 2.11)."
Catecismo de Heidelberg
74. As crianças pequenas devem ser batizadas?
R. Devem, sim, porque tanto as crianças como os adultos pertencem à aliança de Deus e à sua igreja (1). Também a elas como aos adultos são prometidos, no sangue de Cristo, a salvação do pecado e o Espírito Santo que produz a fé (2).
Por isso, as crianças, pelo batismo como sinal da aliança, devem ser incorporadas à igreja cristã e distinguidas dos filhos dos incrédulos (3). Na época do Antigo Testamento se fazia isto pela circuncisão (4). No Novo Testamento foi instituído o batismo, no lugar da circuncisão (5).
(1) Gn 17:7. (2) Sl 22:10; Is 44:1-3; Mt 19:14; At 2:39. (3) At 10:47. (4) Gn 17:14. (5) Cl 2:11,12.
O Catecismo de Calvino diz: "...Visto que, assim, principalmente através do batismo, a aliança do Senhor é confirmada conosco, corretamente batizamos nossos filhos porque eles já são participantes da aliança eterna pela qual o Senhor promete (Gn 17.1-14) que ele será não apenas o nosso Deus, mas também de nossa posteridade."

                  Podemos ver então que todas as confissões reformadas em uníssono aderem a está verdade bíblica. Ao crer na doutrina da predestinação um reformado débita a Deus toda a soberania e aos decretos de Deus toda a providência do cosmos. Confissão de Fé de Westminster diz: " CAPÍTULO V, DA PROVIDÊNCIA I. Pela sua muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor." Se todas as criaturas desde a maior até a menor estão debaixo desta providência, por que nossos filhos devem ficar de fora desta graciosa ação do Deus Soberano que salva a quem quer e como quer. Portanto Deus ordena a seus eleitos que guardem a aliança com Ele recebendo seus filhos nesta aliança. A falta do ensino e cumprimento correto do pedobatismo tem gerado um deficit na evangelização e educação para justiça de nossas crianças.
                 Ao declarar em seu catecismo que "Não há ordem nem exemplo nas Santas Escrituras para que sejam batizados" Spurgeon não apresenta nenhum texto prova para tal ensino, baseai-se tão somente a meu ver no ensino e prática dos anabatistas e dos arminianos. Os escritos de Calvino e o Catecismo de Hedeilberg condenam essa prática dos anabatistas e o Os Cânones de Dort condenam a mesma prática pelo arminianos.

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